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Sindicalismo, formação política e trabalho de base
A luta em curso exige-nos
estratégias, visão de médio e longo prazos, unidade, pelo menos de ação, o
resgate do trabalho de base e muito preparo político e folego, porque a corrida
para a qual fomos escalados não é de 100 metros rasos, é uma longa maratona!
O ataque aos direitos trabalhistas e
previdenciários é a tônica do governo Temer. Mas não só do governo, os poderes
Legislativo e Judiciário também estão a assacar direitos e prerrogativas,
inclusive do movimento sindical.
Terceirização, negociado sobre a lei, trabalho temporário e intermitente, fim
da ultratividade, da cobrança da taxa assistencial, fim da aposentadoria e das
leis trabalhistas. E tudo isto com o governo e os empresários tentando, o tempo
todo, provar que o “inferno é um lugar bom”.
Diante destes e de outros ataques, que não irão parar por aí, dos três poderes
da República e do mercado, o movimento sindical não tem outra saída senão se
unir. Unidade de ação para se fortalecer e não ser dizimado, porque ao fim e ao
cabo, a intenção é esta, tornar o movimento sindical brasileiro irrelevante,
tal qual fizeram nos Estados Unidos.
Não está e não será fácil superar todos os problemas que estão sendo colocados
para os trabalhadores e suas organizações, mas enfrentar esses problemas está
na ordem do dia. Quem se omitir ou imaginar que essa onda é passageira
sucumbirá primeiro. O capital e o mercado abriram suas baterias contra os trabalhadores
e o movimento sindical. Urge defender-se e preparar a contraofensiva!
Em curto prazo, as saídas são: atuar
no Congresso, sob forte unidade, para minorar os danos que serão causados pelos
ataques desferidos pelas contrarreformas trabalhista e previdenciária do
governo. E construir grandes movimentos capazes de chamar a atenção dos
trabalhadores e do povo, da sociedade, para o que está em curso. Como o
movimento do dia 15 de março.
Em médio prazo, resgatar, com força, o trabalho de base. Esse trabalho tem de
ser permanente, diuturno, com os dirigentes levando informação de qualidade
para os trabalhadores, de modo que não sucumbam com a propaganda enganosa dos
patrões e dos governos. Não há alternativa ou não temos alternativas, senão
trabalhar para recuperar o tempo perdido.
Por fim, mas não menos importante, é preciso voltar a formar politicamente os
dirigentes sindicais e a base. Esse trabalho é de longo prazo, pois formação
não se faz do dia para a noite. Vejamos o exemplo da secular Igreja Católica,
que leva cerca de 10 anos para formar um padre. Cada dirigente tem de ser um
padre!
Sem sólida formação política dos dirigentes e da base, o movimento sindical não
passa de um “gigante com pés de barro”. Estamos cuidando apenas das demandas
micro e econômicas, mas não conseguimos intervir nos processos políticos, não
ampliamos a representação política dos trabalhadores nas esferas municipal,
estadual e federal.
Os empresários elegem mais representantes aos parlamentos, que os
trabalhadores. Daí a agenda em curso, que não por acaso, coincide com a agenda
do governo Temer.
O movimento sindical resolve os problemas coletivos dos trabalhadores, mas os
trabalhadores votam, majoritariamente, naqueles que criam os problemas para a
classe trabalhadora, os empresários! Assim, ganhamos no micro, no varejo e na
periferia, e perdemos no macro, no atacado e no centro.
A luta em curso exige-nos estratégias, visão de médio e longo prazos, unidade,
pelo menos de ação, o resgate do trabalho de base e muito preparo político e
fôlego, porque a corrida para a qual fomos escalados não é de 100 metros rasos,
é uma longa maratona!
* Marcos Verlaine - Jornalista e analista político
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