segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Cursos de Formação de Base



O SINTESPE informa que dará continuidade com sua agenda referente a 1ª  Etapa do Curso de Formação de Base a partir de março de 2018. Onde estaremos disponibilizando novas datas e mapeando as regiões. Em 2017 as cidades de Criciúma, Joaçaba e Canoinhas receberam a 1ª etapa do curso.


Lembramos que o número mínimo de participantes do curso é de 10 pessoas, que poderão ser da nossa base ou convidados de outras entidades que estejam no Extremo Oeste, Oeste, Meio Oeste, Planalto Serrano, Planalto Norte, Norte do Estado, Vale do Itajaí e Alto Vale, Região Sul, Região de Tubarão e Florianópolis e Região.

Maiores informações sobre os cursos:
Mario Antonio da Silva
Secretário de Formação
(48) 3223-6097– Whatsapp.(48) 99833-3336
email: mario@sintespe.org.br

Sebastião T. Amorim
Secretário Adjunto de Formação
(48) 3223-6097 – Whatsapp..(48) 99833-3232

Indicadores sociais no Brasil: a distância que nos une.



Indicadores sociais no Brasil: a distância que nos une.
José Álvaro de Lima Cardoso.


Na comparação com o País Santa Catarina tem bons indicadores sociais. Exibe o terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil e o maior da Região Sul. Dispõe também do melhor Coeficiente de Gini do Brasil, importante indicador de desigualdades sociais e do nível de concentração de renda na sociedade.  Outros indicadores como o de pobreza, rendimento, taxa de analfabetismo, revelam que a condição sócio econômica de Santa Catarina, ostenta dados acima da média nacional. A taxa de desocupação de Santa Catarina (medida pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio- Pnad, do IBGE), de 7,5%, é a menor do Brasil, que possui taxa de 13%. O estado tem também um dos mais elevados índices de formalização do trabalho do País, ainda que a informalidade também seja um problema e esteja em expansão atualmente, com a crise. Em 2014 o estado atravessava, inclusive, uma situação de pleno emprego, ou algo muito próximo disso. Quem desejasse trabalhar, pelos salários vigentes no mercado, encontrava colocação. Em alguns setores, especialmente nos trabalhos mais sofridos, faltavam  trabalhadores, razão pela qual foram trazidos trabalhadores haitianos, e de outras regiões do Brasil, como Norte e Nordeste. Passou-se a utilizar também força de trabalho indígena para ocupação de certos postos de trabalho. A indústria de processamento de carnes, os serviços em geral, e a construção civil são exemplos de utilização da força de trabalho dos segmentos mencionados. No entanto, tem que se levar em conta que os indicadores de Santa Catarina são razoáveis porque a comparação é feita com o Brasil, país que tem um dos piores perfis de distribuição de renda do mundo. Pelo Coeficiente de Gini, o Brasil é o 10º país mais desigual do globo e o quarto da América Latina, à frente apenas de Haiti, Colômbia e Paraguai.
Um relatório de outubro da ONG britânica Oxfam a respeito da desigualdade social no Brasil (“A Distância que Nos Une”, título aproveitado neste artigo), revela que os seis brasileiros mais ricos possuem a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres. Estudo divulgado em setembro pela equipe do economista Thomas Piketty, que classifica a manutenção da desigualdade no Brasil como “chocante”, constatou que a renda média dos 90% mais pobres no Brasil é semelhante à dos 20% mais pobres na França, o que revela, como lembra o estudo, que o Brasil carece de uma vasta classe média. Segundo o referido trabalho, por outro lado, o 1% mais rico no Brasil tem renda superior ao 1% mais rico na França, o que revela a desigualdade de renda no Brasil. A desigualdade brasileira também fica evidente nas comparações relativas à gênero. Mesmo com maior escolaridade, segundo a ONU, a renda per capita da mulher é 66,2% inferior à dos homens. Até 2014, quando os indicadores de renda vinham melhorando gradativamente, foram determinantes políticas, como: a) geração e formalização de empregos; b) valorização dos salários, com aumentos reais no salário mínimo; c) repasses da Previdência Social; d) aumento das transferências governamentais para os estratos de menores rendas (Programa Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada); e) combate à pobreza e à fome; f) formas de acesso da população ao consumo e à renda e ampliação do mercado interno de uma forma geral. Quando a crise mundial apertou, o golpe veio, também para interromper esse processo de melhoria da distribuição de renda. E não só por razões econômicas, mas também por motivações políticas e culturais. A melhoria de vida dos pobres despertou, inclusive, um ódio desenfreado àqueles que melhoravam de vida, talvez originário do ódio destinado aos escravos, durante a secular prática da escravidão no Brasil. O enfrentamento da grave crise atual requereria políticas que o Brasil vinha colocando em prática até 2014. Mas a lista de maldades da política econômica golpista aponta na direção oposta: liquidação do mercado de consumo de massas; destruição dos direitos sociais e trabalhistas; destruição da Seguridade Social; desmonte da Petrobrás e a entrega do pré-sal; destruição do sistema de defesa do território nacional; liquidação de qualquer vestígio de Estado de bem-estar social; inserção do Brasil nos mercados internacionais de forma completamente subordinada, como mero fornecedor de matérias-primas agrícolas e minerais; entrega do sistema público de energia para as multinacionais; redução dos salários e do custo geral da força de trabalho.
Com o golpe e a aplicação de um ultra liberalismo completamente fora de moda, que nem o Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda mais, é como se o Brasil tivesse sido invadido por uma potência inimiga. De certa forma, foi isso mesmo que aconteceu, como revelam os índices de popularidade do governo ilegítimo. Com a catálogo de maldades que está sendo encaminhado de forma muito veloz, para evitar reação social, a primeira onda neoliberal, na década de 1990, que devastou estatais e liquidou a indústria, está se tornando uma simples brincadeira de criança.
*Economista.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Brasil do pós-golpe é um paraíso...




Brasil do pós-golpe é um paraíso...para as multinacionais.
*José Álvaro de Lima Cardoso
No dia 07 último, em Córdoba, na Argentina, o presidente da Fiat, Cristiano Rattazzi, defendeu que a regulamentação trabalhista do mundo todo deveria ser “flexibilizada” de forma semelhante ao que foi feito no Brasil, pelo governo golpista. Se referindo ao pais, afirmou que “hoje, temos um país sério, depois de doze anos, onde foi uma palhaçada total”. Segundo Rattazzi, no Brasil de hoje, no que refere à legislação trabalhista "melhor, é impossível “. Os executivos das gigantes multinacionais do petróleo também não têm poupado elogios à direção da Petrobrás, justamente em relação àquilo que seria essencial o país ter conservado, no que se refere à lei de Partilha: exigências de conteúdo local, exclusividade na exploração do óleo e compromisso com o desenvolvimento.
O mesmo fenômeno ocorre em outros setores. O governo arrecadou R$ 12,1 bilhões com o leilão de quatro usinas hidrelétricas operadas pela (Cemig), No dia 27 de setembro, chineses, franceses e italianos arremataram em leilão 4 importantes usinas hidrelétricas operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a um valor que equivale a míseros 2% do que o Brasil gasta anualmente com os serviços da dívida pública. Atingido o objetivo de arrematar o seu lote, os executivos italianos comemoraram como se tivessem conquistado a Copa do Mundo de Futebol, de forma invicta.
Basicamente não há crescimento do afluxo de investimentos estrangeiros no Brasil. Os capitais que que têm vindo, vêm para comprar ativos em processo de liquidação. Vender ativos em meio a maior recessão da história não decorre de burrice. É política de traição nacional, mesmo. Os “desinvestimentos forçados” pela Lava Jato na Petrobras têm aumentado muito a oferta de ativos brasileiros baratos. Além de comprar patrimônio estratégico por pechincha, uma parte destes supostos investimentos são empréstimos das matrizes para as suas próprias subsidiárias no Brasil, visando fazer negócio com câmbio, ou seja, aproveitam o diferencial de juros para fazer dinheiro, já que o Brasil pratica historicamente as mais altas taxas do planeta. 2

As alegações dos golpistas para o torra-torra de ativos, em petróleo e gás, ou no setor elétrico, se referem à supostas deficiências operacionais, fragilidades de governança ou elevados gastos com folha de pessoal. São falsos argumentos. Estão entregando patrimônio estratégico a preço de banana, para tentar cobrir o maior déficit público da história, e servir às multinacionais. Recentemente foram leiloadas duas usinas de São Paulo, em Ilha Solteira e Jupiá, arrematadas pela empresa China Three Gorges. Segundo os dirigentes sindicais, feito o negócio, a empresa chinesa imediatamente demitiu todos os trabalhadores e, ato contínuo, fez proposta de readmissão nas mesmas funções, mas com remuneração muito menor. Este será o comportamento padrão dos “investidores” estrangeiros no Brasil, nesta conjuntura pós-golpe.
As multinacionais que atuam no Brasil têm muitos motivos para rir à toa. A contrarreforma trabalhista que entra em vigor em novembro, significará uma transferência de riqueza da classe trabalhadora para as empresas, especialmente as grandes, como nunca foi visto na história do Brasil. A aplicação das regras da referida lei, na prática da negociação coletiva, conduzirá à uma elevação da pobreza, em um nível que possivelmente jamais tenhamos assistido. Comparados com o roubo de renda e salários da nova lei trabalhista, os valores estimados como provenientes da corrupção no Brasil, que tanto ocupou a farsa da Operação Lava Jato, representarão meros “trocados”. Isso sem considerar todo o conjunto de atrocidades que está sendo cometido contra o país, em todas as áreas.
A espinha dorsal do programa econômico golpista, é absolutamente implacável com os trabalhadores, especialmente os mais pobres, e completamente dócil aos interesses das multinacionais. É que o golpe não está brincando em serviço e precisa atender, rapidamente, três eixos básicos: a) aumentar a taxa de exploração dos trabalhadores; b) pavimentar os caminhos para as principais fontes de matérias primas do mundo; c) abrir frentes de “negócios da China”, como as privatizações, o que estão encaminhando nos vários setores.
*Economista.